• Cronica: Viva a Liberdade de Imprensa

    From Paulo Brandao@1:2320/100 to All on Fri Oct 6 11:50:56 2006
    Viva a Liberdade de Imprensa!
    Por Bernardo Kucinski

    “Quero agradecer em primeiro lugar aos meus companheiros de partido de S
    o
    Paulo. Foi graças a S
    o Paulo que estamos virando o jogo. E agradecer a meus
    irm
    os da Opus Dei que me confortaram nos piores momentos da campanha até aqui.
    Mas quero agradecer acima de tudo aos jornalistas brasileiros, sem os quais seria impossível desconstruir esse verdadeiro mito da política que estamos enfrentando. Parecia uma tarefa impossível. O arquétipo do “pai dos pobres” estava profundamente enraizado no imaginário popular. Mas certos preconceitos também estavam e a imprensa foi muito feliz em fazer aflorar esses preconceitos. Lembro a todos a associaç
    o dos petistas a ratos através do poder
    da imagem, na capa de VEJA que vocês todos conhecem (1). Vários jornalistas, trabalharam essa associaç
    o depois por escrito, com grande sucesso.(2) Foi um
    risco calculado, usar mesma técnica que Goebbels usou no seu filme “ O judeu eterno”, para convencer os alem
    es de que os judeus deveriam ser exterminados.
    Mesmo porque, n
    o se trata da eliminaç
    o física dos nossos adversários ou dessa
    raça, como disse equivocadamente, o nosso amigo senador Bornhausen. Mas se trata, sem dúvida, de sua erradicaç
    o da política brasileira. Outra associaç
    o
    importante foi com o conceito de “quadrilha.” Arnaldo Jabor foi muito eficaz quando escreveu que “com a eleiç
    o de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo
    e desviou bilhões de dinheiro público para tomar o Estado e ficar no poder 20 anos. “ A própria palavra “petista” já está adquirindo uma conotaç
    o
    pejorativa. É, sem dúvida uma grande vitória na batalha pelas mentes e corações dos brasileiros... (interrupç
    o por aplausos prolongados).

    “N
    o importa se no final dos inquéritos em curso, n
    o ficar provada corrupç
    o
    no governo, ou que o dinheiro do mensal
    o n
    o veio dos cofres do Estado, ou que
    a maioria dos esquemas de corrupç
    o começou no governo anterior. Os jornalistas
    brasileiros agiram bem ao ignorarem formalismos como o da presunç
    o da
    inocência ou o do direito à auto- imagem. E mais ainda ao cunharem a express
    o
    “mensaleiro” que estigmatiza por igual toda uma categoria de políticos, independente do grau ou tipo de envolvimento de cada um. Foi através de abordagens corajosas como essas, ignorando a superada ética jornalística liberal, que conseguimos inculcar em grande parte do eleitorado a idéia da quadrilha (3) (aplausos).

    “Da mesma forma, com a express
    o “Nosso guia”, a imprensa conseguiu associar
    sutilmente a figura desse falso “pai dos pobres” à dos ditadores comunistas, Stalin, Mao e Enver Hoxa. (4) Com isso personalizamos a idéia geral , que já havíamos conseguido disseminar antes, de que essa gente é autoritária por natureza . Também conseguimos convencer boa parte do eleitorado de que esse “pai dos pobres”, n
    o tem educaç
    o nem cultura, é um ignorante.E n
    o foi fácil,
    dada a propens
    o do povo de respeitar as autoridades. Muitos jornalistas
    contribuíram para isso e todos eles eu agradeço.(5) A idéia de que se trata de um ignorante pegou fundo e hoje é encampada inclusive por intelectuais, como o dramaturgo Lauro Cezar Muniz que em declaraç
    o de grande destaque na Folha
    Ilustrada, explicou como “ a falta de escolaridade impede a pessoa de entrar em contato com a lógica” e que por isso nosso adversário “n
    o tem clareza para
    governar o Brasil.”(6)

    “A imprensa estrangeira também ajudou. Quero lembrar a vocês o artigo do New York Times sugerindo que o mito é um alcoólatra. A primeira reaç
    o do povo foi
    repudiar o jornalista americano, por aquele motivo que já mencionei, o respeito à autoridade, ainda mais quando atacada por um estrangeiro. Mas graças ao desastrado gesto de sua expuls
    o e posterior ajuda de alguns de nossos mais
    brilhantes jornalistas, conseguimos reverter esse quadro e hoje posso assegurar a vocês, s
    o muitos os brasileiros que acreditam na tese do alcoolismo.
    Agradeço em especial ao diretor da sucursal da Folha em Brasília , que através de pesquisa cuidadosa nos mostrou que o alcoolismo está no DNA da família Silva. (7) Finalmente quero mencionar o brilhantismo com que alguns jornalistas trabalharem a delicada idéia de esse pai dos pobres e os petistas em geral s
    o
    tipos patológicos. VEJA foi pioneira ao dizer que “Lula tem dificuldades patológicas em compreender o que lhe pertence e o que pertence e ao Estado.” (8) E Diogo Mainardi, comparou Lula ao Papa Léguas, “uma besta primária, um oportunista microcéfalo perfeitamente adaptado ao seu meio, que sabe apenas fugir das ciladas preparadas pelo coiote.” (9) Quero mencionar, em especial o artigo de José Neumanne Pinto: “Freud, Lombroso e Jung no Planalto”, publicado às vésperas da eleiç
    o, no jornal mais importante do país, O Estado de S.Paulo
    (10). Hoje, como vocês sabem, há um retorno ao paradigma genético, portanto ao modelo lombrosiano. Meus irm
    os da Opus Dei, a propósito, nunca abandonaram a
    abordagem lombrosiana. O artigo de Neumanne foi t
    o importante que o colocamos
    no nosso site. Enfim, sei que deixei de mencionar dezenas de jornalistas que também contribuíram para o combate ao mito. A todos agradeço de coraç
    o. E os
    conclamo a continuar a lauta. O mito foi duramente atingido, mas ainda n
    o
    morreu. Nossa tarefa é destruí-lo. (aplausos prolongados, gritos de Viva a Liberdade de Imprensa, Viva S
    o Paulo.)

    - Fim do discurso de agradecimentos.

    (1) VEJA, 25/05/2005.

    (2) Entre eles, André Petry em VEJA, de 24/06/06( “ De ratos e homens”) .e Rubens Alves na Folha de S. Paulo, de 18/04/2006 (“ Os ratos e os elefantes”)

    (3) O Código de ética dos jornalistas brasileiros, aprovado em congresso nacional da categoria e em vigor desde 1987, diz nos seus artigos 14 e 15: Art. 14. O jornalista deve: a) Ouvir sempre, antes da divulgaç
    o dos fatos, todas as
    pessoas objeto de acusações n
    o comprovadas, feitas por terceiros e n
    o
    suficientemente demonstradas ou verificadas. b) Tratar com respeito a todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar. Art. 15 - O jornalista deve permitir o direito de resposta às pessoas envolvidas ou mencionadas em sua matéria, quando ficar demonstrada a existência de equívocos ou incorreções.

    (4) A express
    o foi repetidamente aplicada por Elio Gaspari em sua coluna e
    hoje já é usada por outros jornalistas.

    (5) Reinaldo Azevedo chama o presidente de “analfabeto”, na epígrafe de seu site; Miriam Leit
    o, no O Globo, de 11/09/05, dedicou toda uma coluna à “falta
    de escolaridade do candidato do partido dos Trabalhadores”; e Sonia Racy, no Estad
    o de 19/01/06, concluiu que ao se referir ao Uruguai e Paraguai como “
    nossos irm
    os mais pequenos”, Lula revelou sua ignorância do vernáculo, quando
    a ignorância na verdade era dela, pois segundo a gramática de André Hildebrando de Afonso a express
    o é correta e de uso corrente em várias regiões.

    (6) Folha Ilustrada, 07/03/2006. Cezar Muniz parece ignorar que o raciocínio lógico é inerente ao cérebro humano. Até mesmo os loucos raciocinam com lógica. O que muda é o conteúdos do raciocínio, conforme se trate de um saber cientifico, ou religioso, popular, ou supersticioso.

    (7) Josias de Souza, Folha de S
    o Paulo, 16/05/04: “Alcoolismo marca três
    gerações dos Silva.”

    (8) VEJA, 12/07/06.

    (9) 28/06/06

    (10) OESP, 20/09/06

    Bernardo Kucinski é jornalista, é professor da Universidade de S
    o Paulo e
    autor, entre outros, de “A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro” (1996) e “As Cartas Ácidas da campanha de Lula de 1998” (2000).


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  • From Renato Zambon@1:2320/100 to Paulo Brandao on Sun Oct 8 10:45:50 2006
    “Quero agradecer em primeiro lugar aos meus companheiros de partido
    de S o Paulo. Foi graças a S o Paulo que estamos virando o

    Falso, se existe agradecimento e' aos companheiros do... PT! Foram
    eles, exclusivamente, varios deles, incluindo aquele que diz nao
    saber de nada, que garantiram o segundo turno. Se dependesse dos
    "companheiros" do PSDB, o candidato seria o Serra, e nao sendo,
    tb nao fizeram nenhum grande esfor‡o para chegar na posi‡ao atual

    []s
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